segunda-feira, 25 de julho de 2011

Vidas Invisíveis



Olá amigos-leitores, esse poema é dedicado em especial a João, mas não só ele, dedico-o também a todos os outros moradores de rua. Faz tempo que eu e minha esposa discutimos muito essa temática tão delicada e preocupante. E recentemente a ajudei a concluir uma pesquisa sobre esse tema. Eu vejo os invisíveis. Interesso-me por eles. Afinal eu e todos nós somos os culpados por grande parte da condição de miserabilidade em que eles se encontram, bem como de seu sofrimento ético-político e psíquico. A psicologia pode ir muito mais além dos consultórios, e eu quero levá-la mais além, quero levá-la a eles.
Espero que gostem do poema.



Vidas Invisíveis


As ruas são muitas...
Guardam toda a amargura do mundo.
Mostram toda a violência gratuita.
Muitos só são vistos como imundos.

Ignorado, maltratado, humilhado...
O homem do saco, completamente invisível.
É esquecido até pelo Estado.
Sua presença é completamente desprezível [Completamente Descartável].

A rua da passagem...
É a mesma que dá abrigo.
Na sociedade da embalagem,
Não há lugar para mendigo.

Loucura é depois da carbonização de um homem [ou o que restou dele]
Só se pensar em mercadorias...
Nessa hora, todas as máscaras somem
E aparece só realidades frias.

Minha matemática não bate...
Quanto mais mendigos precisam que se mate,
Pra que você seja sensibilizado?
Do sofrimento deles, somo todos os culpados.

32 não é o bastante?
Não se preocupe.
Mais e mais estão chegando...
Agora as mortes são constantes.

A marquise é sua mãe.
O meio-fio, o padrinho.
Se matam por algumas migalhas de pães...
Quando são vistos, o são só como coitadinhos.

Seus gritos, quase mudos,
São ouvido por poucos.
O papelão é seu escudo.
Depois de tanto sofrer, se vêem ocos.

Nem o pão que o diabo amassou
Para eles é dado...
Se a um comerciante, perturbou,
Pro além, ainda hoje, é despachado.


Por: Kellysson Bruno Oliveira Lima (L)

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