sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Vidas Secas - Um retrato do Descaso, de Homens de Mentira e Homens de Verdade que, acima de tudo, sonham!





Como última postagem de 2010 escolhi justamente um dos trechos de um dos livros mais honrados que tive o prazer de ler esse ano (livros - eu li um bucado; mas livros com honra, muito poucos. Eles são raros). Mestre Graça e seu sertão Universalmente regional. Para quem gosta de Geografia Humana, Dinâmica de Populações e Psicologia da dor, esse livro é mágico. Sou um Fã incondicional de Mestre Graça e de seus livros tão magicamente únicos, reais e esclarecedores. Confesso que apesar de ser Nordestino (e sou com muito orgulho) algumas das coisas contidas nesse livro eu desconheço, ou pelo menos desconhecia, por isso ele é tão mágico, pois tem o poder de abrir os olhos, mas somente para aqueles que verdadeiramente querem enxergar, entender, ajudar.
Espero sinceramente que o quadro esposto no trecho que escolhi seja realmente sanado, e que os sulistas (considero sulista aqueles que não são nem do Norte nem do Nordeste brasileiros), enfim percebam que quem construiu/constrói esse país foram e são todos que nele estava e estão. Mas de todos esses, sem dúvida, somos nós, Nordestinos, que demos nosso sangue e suor e sorrisos para construir não só as principais cidades, mas todo esse País. Entre as cidades, podemos citar quase que infinitos exemplos, com efeito, escolhi a capital política (Brasília), até a capital econõmica (São Paulo). Essa última deve e muito a nós. São Paulo só está de pé, pois somos nós que estamos a sustentando. Sem nós ela para. Isso eles não querem ver, mas tubo bem, chegará o dia em que o NE dominará esse país confuso e bonito. Quando esse dia chegar, a minha querida Alagoas (e de mestre Graça também) se livrará desses crápulas que hoje a governam e tormará pra si o que lhe é de direito. Viva a Graciliano! Viva ao sertão! Viva ao Nordeste, pois foi onde todo esse sonho gigantesco de país nasceu! Viva aos Nordestinos, pois são bravos, fortes, amáveis e, acima de tudo, sonham!!! O Brasil é dos sonhadores, pois o dêem aos nordestinos, são eles que verdadeiramente sonham!
Por fim, meus sinceros votos de Feliz Ano Novo a todos, sobretudo aqueles que amo! Foi, sem dúvida um grande ano, nem tanto pelo que ocorreu, mas sim pelo que aprendi. Obrigado a todos. Obrigado mãe e pai. Obrigado por tudo, minha pequena, minha Roberta. Valeu PAI! ^^


...Cultivariam um pedaço de terra. Mudar-se-iam depois para uma cidade, e os meninos frequentariam escolas, seriam diferentes deles. Sinha Vitória esquentava-se. Fabiano ria, tinha desejo de esfregar as mãos agarradas à boca do saco e à coronha da espingarda de pederneira.
Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de carniças que empestavam o caminho. As palavras de sinha Vitória encantavam-no. Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de sinha Vitória, as palavras que sinha Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andava para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. Osertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinha Vitória e os dois meninos.
(RAMOS, p.126, 2004)


- RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Posfácil de Álvaro Lins, Ilustrações de Aldemir Martins. - 93ª edição. -Rio, São Paulo: Record, 2004.
Pensem nisto!
Orgulho de ser Nordestino. E dessa terra não saio nem com a mulesta. ^^
Amo você Alagoas. Meus Nordeste mágico.
Um dia daremos um jeito nesses cabras-safados e conseguiremos lhe por no lugar que você nunca deveria ter saído, o topo, pois não há melhor lugar do que esse.
E um dia, descobrir-se-á que as vidas secas eram as deles, e não as nossas...
Por: Kellysson Bruno Oliveira Lima








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